sábado, 9 de fevereiro de 2013
A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca
Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.[...] Estranho e que ela já apanhou demais da vida, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é? o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera? A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário, por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. (Caio Fernando Abreu)
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